Artigos da categoria “Coisas e ferramenta

Bokashi

Publicado em 14 de Agosto de 2020

Bokashi

Balde de Bokashi da Skaza. Ao lado está uma taça de material que por ser demasiado grande e volumoso irá para o compostor.

Além dos compostores habituais, agora também tenho um balde de Bokashi que segundo a Wikipedia quer dizer “matéria orgânica fermentada”. O objectivo principal é transformar os restos de alimentos cozinhados, que habitualmente vão para o lixo porque estão banidos da compostagem, incluindo carne, peixe, produtos lácteos e tudo o houver.
O Bokashi, ao contrário da compostagem, é um processo anaeróbico e está dependente de uma substância orgânica fermentada que tem de se juntar a cada camada de 5cm de material. Sendo um balde tão pequeno, vê-se bem que uma família não pode simplesmente colocar tudo o que sobra da cozinha lá dentro (por exemplo depois de fazer uma sopa substancial), porque rapidamente fica cheio. Não há dúvida que é óptimo para apartamentos, mas aqui é complementar da compostagem.
Quando o balde ficar cheio deve-se fechar e esperar cerca de 10 dias. Percebe-se assim a utilidade de um segundo balde. O substrato resultante está reconhecível (ao contrário da compostagem) mas completamente modificado. Também é demasiado ácido, por esse motivo deve ser curado ao ar durante duas a quatro semanas, eu aqui planeio juntá-lo ao composto normal.
Além do substrato sólido resultante de todo o processo — que ainda não vi —, há um líquido que se vai recuperando regularmente e é um poderoso fertilizante, se utilizado muito diluído (1:100). No fim da primeira semana tirei o primeiro líquido que tinha uma cor avermelhada, diluí em 10 litros de água e reguei alguns vasos. Puro, diz nas instruções que pode ser utilizado para desentupir canos ou matar ervas daninhas — mais uma coisa a experimentar.

Secadores de luvas

Publicado em 20 de Março de 2016

Jardinar depois da chuva, além de necessário, pode ser divertido, mas no fim temos as luvas completamente encharcadas.
Dois pequenos vasos usados onde se fazem quatro cortes em “v”, que junto com os furos normais de drenagem, farão o ar circular, serão os seus secadores de luvas perfeitos.
Basta encaixar uma luva no fundo de cada cada vaso e deixar secar.

Ferramentas

Publicado em 1 de Março de 2016

Bulldog. Joseph Bentley.

Ferramentas Bulldog e Joseph Bentley.

É nestes dias de Inverno e chuva que nós jardineiros temos imenso tempo para reflectir nas coisas do jardim e uma das mais óbvias é pensar em arrumar o barraco negligenciado no fundo do quintal. Dentro do barraco, estão habitualmente as ferramentas. Algumas ferramentas de boa qualidade — não muitas —, é tudo que precisamos para nos mantermos em forma — e no processo, cuidar do jardim.

Devemos sempre escolher as melhores ferramentas que pudermos. O jardineiro que não as considere um investimento, o mais provável é que não as escolha correctamente à partida e não as cuide depois. Ao arrumarmos o barraco devemos olhar para as nossas ferramentas, seleccionar as que mais usamos e separar as que raramente são utilizadas. Estão limpas e oleadas? Estão facilmente acessíveis? O essencial será uma pá, uma forquilha, uma colher, ancinho, sachola para trabalhar o solo, e tesoura de poda (de mão e uma grande de duas mãos) e serra de podar para trabalhar as plantas.

As melhores ferramentas para trabalhar o solo são da Sneeboer, De Wit (ambas holandesas) ou Bulldog (do Reino Unido)1. Também há da Joseph Bentley, Spear & Jackson ou Fiskars (todas estas são apenas marcas que passaram a ser propriedade de grandes grupos). Uma marca que aparece por cá com razoável qualidade é a Bellota (de Espanha).

Para trabalhar as plantas não há melhor que Felco da Suíça. São tesouras de excelente aço2, que bem conservadas durarão uma eternidade. A Felco comercializa também uma série de acessórios para manutenção e peças sobresselentes. A Bellota pode, uma vez mais, ser uma alternativa mais em conta.

Excluidas as serras de podar que têm um tempo de vida limitado, todas estas ferramentas deverão durar uma vida e ainda ficar para os filhos e netos. Ao comprar e posteriormente na sua utilização, deve-se pensar nisso. Devemos tratá-las com respeito. As tesouras e serras não devem andar pela terra e no fim do dia todas as ferramentas devem ser limpas com brio. No barraco, devem estar convenientemente arrumadas e de fácil acesso.

  • A pá e a forquilha são para trabalho duro, o cabo deve ser à nossa medida.
  • Não abuse de nenhuma ferramenta. Se alguma estiver com dificuldades numa determinada tarefa, o mais provável é ser a ferramenta errada.
  • Compre ferramentas que possam ser reparadas.
  • Evite comprar ferramentas a mais, compre menos e melhores.
  • Limpe sempre as ferramentas no fim do trabalho
  • Afie e oleie as ferramentas regularmente.
  1. Eu escolhi maioritariamente da Bulldog por terem melhor preço e uma enorme robustez (além de 15 anos de garantia), ou por outras palavras, as holandesas estarem para lá do meu limite. []
  2. Tenho uma que na minha opinião enferrujou um pouco facilmente demais para tão universal fama. []

Compostagem

Publicado em 22 de Dezembro de 2015

Compostar é extremamente gratificante e positivo. Além de reduzirmos o lixo que acaba nos aterros1, ficamos com o alimento ideal para as nossas plantas, um solo rico e como se não bastasse, as pilhas de compostagem são atraentes para um sem número de insectos, aumentando a biodiversidade das nossas hortas e jardins.
Os materiais biológicos que podem ser compostados, podem ser classificados simplesmente em “verdes” e “castanhos”. Os primeiros com uma maior proporção de azoto, os outros uma maior percentagem de carbono. Deve-se tentar obter ambos na mesma proporção, para uma compostagem óptima, mas não é estritamente necessário.

Compostores

Compostores. Enquanto se enche um, o outro composta.

Dentro do compostor

Dentro do compostor.

Composto

Composto pronto. Está peneirado, habitualmente não sai tão perfeito e fino do compostor.

Materiais verdes

  • Legumes e hortaliça
  • Restos e cascas de frutos
  • Cascas de frutos secos
  • Borras de café
  • Cascas de ovos esmagadas
  • Folhas e sacos de chá
  • Cereais

Materiais castanhos

  • Palha
  • Aparas de madeira e serradura
  • Relva e erva seca
  • Folhas secas
  • Ramos pequenos
  • Pequenas quantidades de cinzas de madeira
  • Papel triturado (jornal em tiras ou as fitas que saem dos destruidores de documentos)

Não devem ser compostados excrementos de animais que possam conter microrganismos patogénicos que sobrevivam ao processo. Também é de evitar juntar ervas daninhas já com semente.
Muito já se escreveu sobre dispor os elementos verdes e castanhos em camadas sucessivas, mas agora a tendência é misturar tudo, que é o que eu faço. Existindo, pode-se juntar um pouco de composto pronto, para iniciar o processo mais rapidamente. Deve-se adicionar os materiais de uma vez, ou gradualmente até mais ou menos um metro de altura. A última camada deve ser de material castanho, que isola a pilha, eliminando possíveis odores (que em princípio nem devem existir) e insectos indesejáveis. A pilha deve-se manter húmida, mas não encharcada.
Segundo a The HDRA Encyclopedia of Organic Gardening, um dos problemas com a compostagem caseira é o excesso de verdes, pois normalmente para o compostos vão cortes frescos do jardim e restos vegetais da cozinha. O conselho é adicionar papel, que é o que tenho feito, pois já detectei esse problema. Adiciono regularmente papel às tiras.
Para acelerar o processo, pode-se revirar regularmente a pilha. Colocando os materiais que estavam por cima em baixo e vice-versa. Repetir o processo de 15 em 15 dias.
Numa pilha estática, o composto estará pronto a usar ao fim de seis meses a um ano. Numa pilha revirada, diria que em três meses há composto.
Depois de pronto, o composto não se degrada mais. Considera-se pronto, quando todos os componentes iniciais não são reconhecíveis. O cheiro é de terra fresca. Maravilhoso.
Quando o composto está pronto, deve-se retirá-lo da pilha e deixá-lo em repouso durante duas a quatro semanas, principalmente se for para aplicar em plantas sensíveis. É a fase da maturação.

Problemas

Se o processo se apresentar demasiado lento, deve adicionar verdes e revirar a pilha.
Se cheirar a podre, pode ter humidade em excesso, deve adicionar materiais secos e absorventes, como folhas, serrim ou palha.
Se cheirar a amónia, tem demasiados verdes (excesso de azoto), deve-se adicionar castanhos.
Se a pilha estiver demasiado compacta, deve diminuir a altura e revirá-la.
Se a temperatura da compostagem for demasiado baixa, talvez a pilha esteja demasiado pequena. Se o clima for muito frio, deve-se aumentar o tamanho da pilha e isolá-la com palha.
Há saquetas de chá feitas de nylon, etiquetas de fruta e outros produtos que não se degradam.

Utilização

O composto é geralmente aplicado uma vez por ano, na altura das sementeiras. É preferível aplicá-lo na Primavera ou no Outono, altura em que o solo se encontra quente. No Verão seca demasiado e no Inverno, o solo está demasiado frio.

Se tiver apenas uma pequena quantidade de composto, espalhe-o por cima da terra na vala onde pretende semear. Se tiver composto em quantidade, pode espalhá-lo em camadas de um a dois cm de espessura misturado com o solo, mas sem enterrar. Pode também usar o composto nas caldeiras das árvores. Nesse caso, espalhe o composto em camadas de dois cm à volta das árvores e não misture com o solo.

Se pretender usar o composto em plantas envasadas, não coloque mais do que 1/3 do composto por vaso. Misture 1/3 de composto com 1/3 de terra e 1/3 de areia, para obter um bom meio de crescimento para as suas plantas.

A cobertura ou “mulch” é um tipo de material colocado sobre o solo para evitar o crescimento de ervas daninhas e manter a humidade, prevenir a erosão, ou simplesmente como cobertura atraente para o solo. Composto e restos de jardim triturados constituem excelentes coberturas orgânicas.

Notas pessoais

Agosto de 2019

Uma coisa que se tornou óbvia é que a pilha nunca atinge uma temperatura suficiente para inviabilizar sementes e acredito, eliminar fungos e outras pestes. Vou passar a fazer um esforço suplementar de triturar virtualmente tudo o que sai do jardim e do quintal antes de colocar no compostor. Acelera o processo, mas o que desejo é tentar aumentar a temperatura da pilha.

Bibliografia

The HDRA Encyclopedia of Organic Gardening

Links de interesse

Composting at Home (Metro-region)
How to Compost
O melhor composto de sempre na “Organic Gardening”
Master Composter
Vermont Master Composter
Compost Guide

  1. Um estudo de 2002 na Grã-Bretanha concluiu que apenas a compostagem em casa reduz significativamente o volume de lixo doméstico que acaba nos aterros. []