Quintal

O quintal no fim do Inverno.


A seguir, disse ao homem: “Porque atendeste à voz da tua mulher e comeste o fruto da árvore, a respeito da qual Eu te tinha ordenado: ‘Não comas dela’, maldita seja a terra por tua causa. E dela só arrancarás alimento à custa de penoso trabalho, todos os dias da tua vida.
Produzir-te-á espinhos e abrolhos, e comerás a erva dos campos. Comerás o pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra de onde foste tirado; porque tu és pó e ao pó voltarás.”

—Génesis 3:16-19


O jornal The Guardian do Reino Unido, pergunta aos leitores que tamanho deve ter um terreno para uma família de quatro ser auto-suficiente. Em 1970 John Jeavons e a Ecology Action descobriram ou determinaram, que 370 metros quadrados são suficientes para sustentar uma pessoa com uma dieta vegetariana. Também se diz que durante o Verão bastam 10 metros quadrados por pessoa. As respostas variam entre os 40 metros quadrados até 2,5 hectares de John Seymour no livro Complete Book of Self-Sufficiency, mas que incluem animais e cereais.
Mas mantendo a questão apenas nos vegetais, na minha opinião serão uns 100 metros quadrados. Juntam-se árvores de fruto, frutos vermelhos, talvez uma pequena vinha e talvez uns 400 metros quadrados. Mas a questão na verdade tem pouco interesse, porque ser auto-suficiente é um trabalho a tempo inteiro, provavelmente para toda a família, o que certamente não irá acontecer. A agricultura de subsistência foi abandonada ou pelo menos é evitada o mais possível, não é por ser fácil.
O meu avô em cerca de 100 metros quadrados foi a pessoa mais auto-suficiente que conheci e incluía ramada que dava vinho para todo o ano e alguns animais. Eu, ocupando hoje o mesmo espaço que expandi para uns 200 metros quadrados nem para lá caminho. A mais do que ele tenho fruta, mas apenas uma videira e não tenho animais. É um trabalho que nunca acaba e que me dá a sensação de estar sempre atrasado. Ainda posso melhorar imenso a produtividade, mas só valerá a pena com uma estratégia capaz de conservação.
A minha “estratégia” de conservação passa quase exclusivamente por congelar. Tenho de fazer mais compotas, mais conservas, xaropes, secar atempadamente algumas culturas, desidratar outras… Tudo isso ocupa imenso tempo, exige organização, uma infinidade de frascos, tabuleiros de madeira, espaço para guardar tudo isso e um lugar fresco, sem muita humidade. É super difícil.
O mais interessante e viável seria uma pequena comunidade de amigos que se entreajudassem, trocassem colheitas e conservas, outra impossibilidade na vida citadina de hoje. Nunca serei auto-suficiente, o quintal é apenas o meu contributo mínimo para o ambiente e para uma alimentação mais saudável para a família. E já não é pouco (mas parece-me).

Links de Interesse

The Guardian
Ecology Action
Pantry Fields (antiga quinta de John Seymour)