Posts by José Rui

Compostagem

Publicado em 22 de Dezembro de 2015

Compostar é extremamente gratificante e positivo. Além de reduzirmos o lixo que acaba nos aterros 1, ficamos com o alimento ideal para as nossas plantas, um solo rico e como se não bastasse, as pilhas de compostagem são atraentes para um sem número de insectos, aumentando a biodiversidade das nossas hortas e jardins.
Os materiais biológicos que podem ser compostados, podem ser classificados simplesmente em “verdes” e “castanhos”. Os primeiros com uma maior proporção de azoto, os outros uma maior percentagem de carbono. Deve-se tentar obter ambos na mesma proporção, para uma compostagem óptima, mas não é estritamente necessário.

Compostores

Compostores. Enquanto se enche um, o outro composta.

Dentro do compostor

Dentro do compostor.

Composto

Composto pronto. Está peneirado, habitualmente não sai tão perfeito e fino do compostor.

Materiais verdes

  • Legumes e hortaliça
  • Restos e cascas de frutos
  • Cascas de frutos secos
  • Borras de café
  • Cascas de ovos esmagadas
  • Folhas e sacos de chá
  • Cereais

Materiais castanhos

  • Palha
  • Aparas de madeira e serradura
  • Relva e erva seca
  • Folhas secas
  • Ramos pequenos
  • Pequenas quantidades de cinzas de madeira
  • Papel triturado (jornal em tiras ou as fitas que saem dos destruidores de documentos)

Não devem ser compostados excrementos de animais que possam conter microrganismos patogénicos que sobrevivam ao processo. Também é de evitar juntar ervas daninhas já com semente.
Muito já se escreveu sobre dispor os elementos verdes e castanhos em camadas sucessivas, mas agora a tendência é misturar tudo, que é o que eu faço. Existindo, pode-se juntar um pouco de composto pronto, para iniciar o processo mais rapidamente. Deve-se adicionar os materiais de uma vez, ou gradualmente até mais ou menos um metro de altura. A última camada deve ser de material castanho, que isola a pilha, eliminando possíveis odores (que em princípio nem devem existir) e insectos indesejáveis. A pilha deve-se manter húmida, mas não encharcada.
Segundo a The HDRA Encyclopedia of Organic Gardening, um dos problemas com a compostagem caseira é o excesso de verdes, pois normalmente para o compostos vão cortes frescos do jardim e restos vegetais da cozinha. O conselho é adicionar papel, que é o que tenho feito, pois já detectei esse problema. Adiciono regularmente papel às tiras.
Para acelerar o processo, pode-se revirar regularmente a pilha. Colocando os materiais que estavam por cima em baixo e vice-versa. Repetir o processo de 15 em 15 dias.
Numa pilha estática, o composto estará pronto a usar ao fim de seis meses a um ano. Numa pilha revirada, diria que em três meses há composto.
Depois de pronto, o composto não se degrada mais. Considera-se pronto, quando todos os componentes iniciais não são reconhecíveis. O cheiro é de terra fresca. Maravilhoso.
Quando o composto está pronto, deve-se retirá-lo da pilha e deixá-lo em repouso durante duas a quatro semanas, principalmente se for para aplicar em plantas sensíveis. É a fase da maturação.

Problemas

Se o processo se apresentar demasiado lento, deve adicionar verdes e revirar a pilha.
Se cheirar a podre, pode ter humidade em excesso, deve adicionar materiais secos e absorventes, como folhas, serrim ou palha.
Se cheirar a amónia, tem demasiados verdes (excesso de azoto), deve-se adicionar castanhos.
Se a pilha estiver demasiado compacta, deve diminuir a altura e revirá-la.
Se a temperatura da compostagem for demasiado baixa, talvez a pilha esteja demasiado pequena. Se o clima for muito frio, deve-se aumentar o tamanho da pilha e isolá-la com palha.
Há saquetas de chá feitas de nylon, etiquetas de fruta e outros produtos que não se degradam.

Utilização

O composto é geralmente aplicado uma vez por ano, na altura das sementeiras. É preferível aplicá-lo na Primavera ou no Outono, altura em que o solo se encontra quente. No Verão seca demasiado e no Inverno, o solo está demasiado frio.

Se tiver apenas uma pequena quantidade de composto, espalhe-o por cima da terra na vala onde pretende semear. Se tiver composto em quantidade, pode espalhá-lo em camadas de um a dois cm de espessura misturado com o solo, mas sem enterrar. Pode também usar o composto nas caldeiras das árvores. Nesse caso, espalhe o composto em camadas de dois cm à volta das árvores e não misture com o solo.

Se pretender usar o composto em plantas envasadas, não coloque mais do que 1/3 do composto por vaso. Misture 1/3 de composto com 1/3 de terra e 1/3 de areia, para obter um bom meio de crescimento para as suas plantas.

A cobertura ou “mulch” é um tipo de material colocado sobre o solo para evitar o crescimento de ervas daninhas e manter a humidade, prevenir a erosão, ou simplesmente como cobertura atraente para o solo. Composto e restos de jardim triturados constituem excelentes coberturas orgânicas.

Notas pessoais

Agosto de 2019

Uma coisa que se tornou óbvia é que a pilha nunca atinge uma temperatura suficiente para inviabilizar sementes e acredito, eliminar fungos e outras pestes. Vou passar a fazer um esforço suplementar de triturar virtualmente tudo o que sai do jardim e do quintal antes de colocar no compostor. Acelera o processo, mas o que desejo é tentar aumentar a temperatura da pilha.

Bibliografia

The HDRA Encyclopedia of Organic Gardening

Links de interesse

Composting at Home (Metro-region)
How to Compost
O melhor composto de sempre na “Organic Gardening”
Master Composter
Vermont Master Composter
Compost Guide

  1. Um estudo de 2002 na Grã-Bretanha concluiu que apenas a compostagem em casa reduz significativamente o volume de lixo doméstico que acaba nos aterros.[]

Ervilha-de-cheiro, Lathyrus odoratus

Publicado em 22 de Dezembro de 2015

As Ervilhas-de-cheiro proporcionam um mostruário de flores de cores exóticas, com um aroma muito agradável que invade todo o jardim. É uma planta originária do Mediterrâneo, da Sicília a Creta. Cultiva-se muito facilmente, se bem que necessitando de suporte adequado. As sementes, ao contrário das outras ervilhas, são venenosas e não devem ser ingeridas por pessoas ou animais. Podem ser utilizadas como flores de corte, o que acaba por estimular o aparecimento de mais flores e prolongar a época de floração.

Ervilhas-de-cheiro, Lathyrus odoratus Ervilhas-de-cheiro, Lathyrus odoratus

Cultivo

As Ervilhas-de-cheiro são plantas esfomeadas que necessitam de terra muito fértil, todo o Sol disponível e bastante água com tempo quente. Com o suporte adequado podem atingir dois metros de altura.
Cortar a ponta depois de nascer o segundo par de folhas, encoraja um crescimento mais arbustivo e a formação de mais flores.
Depois de florir, vão-se removendo as flores secas.

Recolha das sementes

As sementes podem ser guardadas para semear no ano seguinte, mas as plantas podem não ser réplicas exactas das originais. Colhem-se as vagens e deixam-se a secar. Abrem-se as vagens e guardam-se as sementes em local fresco e seco.

Sementeira

Pode-se semear em vasos de Outubro a Janeiro em estufa, ou de Fevereiro a Abril no exterior, a um centímetro de profundidade. Necessita de cerca de 20°C para germinar ao fim de sete a 21 dias. Para aumentar as probabilidades de germinação, podem-se deixar as sementes mergulhadas em água morna na noite anterior à sementeira.

J F M A M J J A S O N D
Semear Semear Semear Floração Floração Floração Recolher sementes Semear em estufa Semear em estufa Semear em estufa

Características

Hábito Caducifólia, trepadeira
Fragante Sim
Altura 1-2m
Exposição Sol
Água Regular
Solo Muito fértil, bem drenado
PH do solo De ácido a alcalino
Longevidade Anual

Doenças

Sem problemas em Portugal.

Links de interesse

Wikipedia (com alguma história da introdução desta planta em Inglaterra).
Plants for a Future (Nota mínima em comestível e medicinal).

Ervilhas-de-cheiro, Lathyrus odoratus

Ilustração de Pierre-Joseph Redouté (1759-1840).

Urtiga, Urtica dioica subsp. Dioica (Urticaceae)

Publicado em 22 de Dezembro de 2015

A urtiga, tão condenada como um pária dos campos, arrancando-se desapiedadamente onde quer que aparece, é uma das plantas mais úteis. Pode ser utilizada como chorume contra os pulgões, fertilizante líquido ou até sopa.

Urtiga, Urtica dioica

Urtiga, Urtica dioica

Oferece aos animais um alimento fresco e tanto mais precioso quanto é uma das plantas mais temporãs. As vacas e as cabras que se alimentam com ela, dão melhor leite e mais abundante, com mais nata e sabor mais açucarado.
Basta na primavera arrancar-lhe os novos rebentos, deixá-los secar um pouco ao ar e misturá-los depois na proporção de uma quarta parte à erva e à palha, não havendo receio de que piquem a boca dos animais, que a comem com avidez. O esterco que resulta desta mistura favorece muito as culturas.
As aves engordam rapidamente quando submetidas a um regime das suas sementes. Destas sementes extrai-se um óleo de gosto delicado e que tomado em caldo favorece a secreção de leite.

Urtiga, Urtica dioica

Flora von Deutschland Österreich und der Schweiz (1885).


Aplicado externamente, reanima a sensibilidade dos tecidos da pele, aumenta a elasticidade dos músculos e facilita o jogo das articulações.
Olivier de Serres, o pai da agricultura francesa, diz que a Urtiga proporciona uma matéria com a qual se fazem boas e bonitas telas. Com efeito, fabricam-se na China desde tempos imemoriais telas maravilhosas, tecidas com a fibra da Urtiga branca, que compete com vantagem com os produtos mais finos do melhor linho.

Cultivo

É uma planta que praticamente se cultiva sozinha, preferindo solos ricos em fosfatos e nitrogénio. Reproduz-se por semente ou pelas raízes.

Doenças

Sem problemas.

Colheita

Varia muito com a região, em Portugal, seguramente no Inverno. Rebentos novos para culinária, plantas mais desenvolvidas para chorumes e fertilizante.

Links de interesse

Etno Medica (43 usos para as urtigas).
Flora Celtica (Utilização da urtiga).
Plants for a Future (Nota máxima em comestível e medicinal).

Este texto foi baseado e em parte transcrito do artigo “Utilidade da Ortiga”. Jornal Horticolo-Agricola [Porto], Fevereiro 1901: 31-32.

Evitar gatos e pássaros nas sementeiras

Publicado em 22 de Dezembro de 2015

Os canteiros acabados de semear são um alvo fácil para os gatos que gostam de se recriar na terra solta e as sementes acabam por ser um festim para os pássaros. Uma forma fácil de se evitar uns e outros é espalhar ramos nús de podas recentes sobre os canteiros, que devem ser retirados mal as jovens plantas começem a sair da terra.
Não se deve utilizar ramos de coníferas ou outras árvores de folha persistente, para não obscurecer a germinação.
Se os pássaros ficarem espertos e pouco impressionados, costumo pendurar CDs cujo brilho ao Sol parece assustá-los. Por fim quando tudo falha, recorro a uma rede.
Também existe uma série de repelentes para gatos à venda nas grandes superfícies e alguns centros de jardinagem, mas nunca experimentei.

Faculdade germinativa das sementes de algumas plantas hortenses

Publicado em 22 de Dezembro de 2015

Sementes de Tomate 'Coração-de-boi'

Sementes de Tomate ‘Coração-de-boi’.

Sementes de Pimento 'de Padrão'

Sementes de Pimento ‘de Padrão’.

Abóbora As sementes conservam-se em bom estado durante 10 anos.
Acelga Semente boa dois anos.
Aipo A semente é boa durante três ou quatro anos.
Alface As sementes não se conservam mais de três anos.
Alho As sementes conservam-se boas dois ou três anos.
Beringela A semente é boa ainda no segundo ano.
Cebola A semente dura três a quatro anos.
Cenoura A semente é boa até 10 anos.
Cerefolho A semente conserva-se três anos.
Chicória A semente conserva-se cinco a seis anos.
Couve As sementes são boas cinco ou seis anos.
Espargo A semente não é boa passado o segundo ano.
Espinafre As sementes conservam-se dois ou três anos.
Fava As sementes conservam-se cinco ou seis anos.
Feijão As sementes são boas dois anos.
Melão As sementes são boas durante 10 anos.
Morangos As sementes são boas apenas no primeiro ano.
Pepino As sementes estão em bom estado durante 10 anos.
Pimento A semente é boa até aos quatro anos.
Rabanetes As sementes são boas quatro ou cinco anos.
Salsa As sementes conservam-se três ou quatro anos.
Tomates As sementes conservam-se três ou quatro anos.
As sementes devem ser conservadas em local fresco e seco.

Jornal Horticola-Agricola, Julho de 1901.